Teste com 10% de etanol em navio foi positivo, e Maersk agora avaliará mistura de 50%
05-12-2025
Empresa quer também realizar testes apenas com etanol em seus navios bicombustíveis
Por Camila Souza Ramos — São Paulo
Os testes que a armadora dinamarquesa Maersk realizou com uma mistura de 10% de etanol no motor de um navio bicombustível, adicionado ao e-metanol (metanol de origem sustentável), foram concluídos com sucesso em novembro. Diante dos resultados positivos, a companhia já iniciará nesta segunda-feira (8/12) testes com 50% de etanol.
A avaliação do desempenho com a mistura de 10% (E10) foi feita com etanol anidro e demonstrou que o produto pode ser utilizado com “segurança e eficácia” à mistura com metanol, informou a companhia. Antes, a Everland, fornecedora do motor a metanol, já havia concluído seus próprios testes de adição de etanol, que também foram considerados satisfatórios.
Em recente conversa com jornalistas, Danilo Veras, vice-presidente de políticas regulatórias da Maersk Latam, disse que a perspectiva é que a validação técnica do etanol em motores de navios pode abrir um mercado potencial de 50 bilhões de litros ao ano.
Além dos testes com o E50 (mistura de 50% de etanol), a Maersk já promete fazer avaliações somente com o etanol. Estudos científicos já indicaram que existe a possibilidade de que motores a metanol sejam utilizados como motores “flex” — ou seja, capazes de serem abastecidos tanto com 100% de metanol como com 100% de etanol.
O avanço dos testes da Maersk reforçam a possibilidade do etanol entrar como uma alternativa de combustível sustentável para a companhia, que tem como meta alcançar a neutralidade das emissões de carbono até 2040. Até então, a Maersk vinha focando na opção do metanol verde como opção de descarbonização do transporte.
Na avaliação da companhia, uma das vantagens do etanol é o fato de que o produto já possui um mercado relevante, com grandes produtores globais. Porém, a companhia ressaltou em comunicado que “é importante garantir que o tipo específico de etanol usado não contribua direta ou indiretamente para conversão de terras e desmatamento, nem concorra com alimentos e rações”.
Os testes com o E50 serão realizados no navio Laura Mærsk, uma embarcação de pequeno a médio porte, com capacidade de 2.100 TEU, e que é o primeiro navio porta-contêineres bicombustível do mundo que opera com metanol. Foi nele que foi testado o E10 (10% de mistura de etanol).
A Maersk previa encerrar este ano com 19 navios com motores bicombustíveis, com capacidade de utilizar bio e e-metano, além de biodiesel. Desde 2021, a companhia encomenda apenas embarcações com capacidade bicombustível. A partir de 2027, a armadora também terá navios biometano liquefeito, e afretará por um tempo navios bicombustíveis a gás natural liquefeito (GNL).
Fonte: Globo Rural

