Trump corta tarifa da celulose; carne e café podem ser os próximos
12-09-2025

Ministro Paulo Teixeira diz que a economia americana dá sinais de que tarifas podem cair; setor produtivo apresenta defesa de acusações feitas por entidades americanas
Daumildo Júnior | Brasília
Após a decisão do governo dos Estados Unidos de incluir produtos do setor de celulose na lista de itens isentos de taxação, anunciada nesta quarta-feira, 10, o ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA), Paulo Teixeira, disse acreditar que carne e café também podem ter redução de tarifas.
Questionado se o presidente Donald Trump havia dado alguma sinalização neste sentido, Teixeira afirmou que os sinais aparecem na própria economia americana. “Os aumentos de preços dos produtos que nós oferecemos são gritantes. E creio que eles vão convencer o Estado americano a baixar as tarifas. Veja, ontem mesmo, mais um produto teve suas tarifas diminuídas que foi a celulose. Acho que a carne, a fruta e o café serão os próximos porque os americanos não aguentam pagar o preço que estão pagando. Eles só estão pagando um preço mais caro por conta do tarifaço”, comentou a jornalistas após participar da divulgação dos números da safra 2024/2025.
A decisão de retirar o tributo sobre a celulose alcança todos os países que foram taxados. Com isso, os produtos do segmento, que já haviam ficado livres da tarifa extra de 40% anunciada por Trump em julho para outros alimentos, deixam agora de pagar até mesmo os 10% impostos três meses antes, em abril.
IOs produtos agropecuários que tiveram a tarifa de 10% retirada foram:
- Polpa química de coníferas não branqueadas;
- Polpa química de coníferas semibranqueadas ou branqueadas;
- Polpa química de não coníferas semibranqueadas ou branqueadas.
Brasil responde acusações em julgamento
Parte do setor privado brasileiro protocolou nesta quarta-feira, 10, a defesa do país após a audiência feita na semana passada, em Washington (EUA). A manifestação ocorre no processo de investigação sobre supostas práticas discriminatórias feitas pelo Brasil nas relações comerciais com os Estados Unidos. A audiência do setor privado foi marcada por acusações como a adoção de trabalho infantil nas fazendas brasileiras.
Segundo o ex-secretário de Comércio Exterior e colunista do Agro Estadão, Welber Barral, não há um prazo claro para um retorno dos americanos quanto à defesa apresentada no último dia 11, podendo demorar até um ano. Barral também representa a União da Indústria de Cana-de-Açúcar e Bioenergia (Unica) no processo.
Além disso, o especialista vê uma possibilidade de revisão nas tarifas para o café, por ser um dos produtos que os Estados Unidos não produzem e têm uma alta demanda interna. Já com a carne, o panorama é diferente, pois há uma pressão dos pecuaristas americanos.
Fonte: Estadão