Usina Jacarezinho investe em aumento de moagem de cana
24-02-2025

Eduardo Lambiasi: brecha no mercado de grãos abre oportunidade à cana — Foto: Divulgação
Eduardo Lambiasi: brecha no mercado de grãos abre oportunidade à cana — Foto: Divulgação

A empresa planeja investir R$ 25 milhões ao longo das safras para reduzir os gargalos na moenda

Por Camila Souza Ramos — São Paulo

Com um perfil conservador que espelha boa parte das usinas de cana-de-açúcar brasileiras pequenas e médias, a Usina Jacarezinho, do Grupo Maringá e associada à Copersucar, aproveitou a liquidez dos últimos anos para investir em expansões, eficiência e diversificação. Já há aportes em curso para ampliar a capacidade de cogeração de energia, e até planos de erguer uma planta de biometano.

Nesta safra, quase metade dos aportes da companhia será em “investimentos de oportunidade”: a Jacarezinho deve concluir a safra 2024/25 com R$ 79 milhões aplicados em novos projetos, de um total de R$ 167 milhões, que incluem também gastos em manutenção. Na próxima safra 2025/26, os “investimentos de oportunidade” deverão ficar em R$ 76 milhões, de um total de R$ 159 milhões, Eduardo Lambiasi, diretor financeiro do Grupo Maringá.

Uma das ampliações em curso é a da área de fornecimento de cana. Localizada no município de Jacarezinho, no norte do Paraná, a usina está em uma região com alta competição com grãos — até agora. Depois da seca intensa e longa do ano passado, as lavouras de grãos da região foram as mais afetadas, e muitos produtores locais decidiram migrar para a cultura semiperene.

Isso está ajudando a companhia a ampliar sua área de plantio nesta entressafra em 4 mil hectares — um recorde para a empresa —, dos quais 1 mil hectares são de fornecedores. Atualmente, a usina é servida com 10 mil hectares, dos quais 60% são de fornecedores.

Além da incorporação de novos fornecedores e ampliação de áreas próprias, a usina também está estimulando os fornecedores atuais a expandirem suas lavouras, com variedades que estarão prontas para colher na safra 2026/27.

Também está assumindo as atividades de corte, colheita e transporte da cana, antes terceirizadas, segundo Eduardo Lambiasi. Na próxima safra, a companhia vai realizar essas tarefas em 90% da área de colheita, incluindo de fornecedores. A usina já investiu R$ 10 milhões em colhedoras e maquinário.

A ideia, diz ele, é ter mais controle sobre os processos, e assim também regular custos. Mesmo a expansão da área de colheita não deve implicar mais custo, afirma. Em geral, quanto maior a distância para levar cana à usina, maior o custo da operação.

A Jacarezinho também vai ampliar sua capacidade de moagem. A empresa planeja investir R$ 25 milhões, de forma escalonada ao longo das safras, para reduzir os gargalos na moenda de cana. O projeto, segundo ele, é alcançar a capacidade de 3 milhões de toneladas de cana anuais na safra 2027/28. “A Jacarezinho vai mudar. O fator escala é absolutamente fundamental, e temos uma oportunidade com essa brecha dos grãos”, diz.

Atualmente, a usina mói perto de 2,5 milhões de toneladas de cana por safra. Na safra atual, a moagem ficou em 2,1 milhões de toneladas por causa do efeito da seca na produtividade. No próximo ciclo, com a recuperação das soqueiras por causa do retorno das chuvas e dos investimentos em ampliação de área, Lambiasi estima que a moagem alcance 2,6 milhões de toneladas.

A usina também está ampliando sua capacidade de cogeração de energia. Na safra que está terminando, a companhia já fez alguns aportes, e para este ciclo e o próximo, a Jacarezinho vai investir R$ 50 milhões que vão triplicar sua potência, saindo dos atuais 10 megawatts (MW) para mais de 30 MW a partir de 2026.

Segundo Lambiasi, os novos aportes vão incluir a compra de um novo gerador e de uma turbina mais eficiente, entre outros.

Para o médio prazo, a companhia considera voos mais altos, como o mercado de gás natural renovável. “O biometano está no nosso radar, estamos conversando com empresas importantes do setor. É um caminho sem volta”, avalia.

A perspectiva é investir na biodigestão da vinhaça (subproduto da destilação da cana), processo que, em sua leitura, tem a tecnologia mais dominada em comparação à biodigestão da torta de filtro ou da palha de cana.

Fonte: Globo Rural