Variedades responsivas à irrigação – o elo entre genética e manejo
13-10-2025
Tema foi um dos focos centrais do Encontro Técnico promovido pelo Grupo de Irrigação e Fertirrigação de Cana-de-açúcar (GIFC)
Abrindo os trabalhos do Encontro Técnico promovido pelo Grupo de Irrigação e Fertirrigação de Cana-de-açúcar (GIFC) no último dia 25 de setembro, a especialista em irrigação do Centro de Tecnologia Canavieira (CTC), Davilla Alves, alertou os presentes sobre os efeitos das mudanças climáticas na região Centro-Sul, principal polo de cana-de-açúcar do Brasil. Segundo ela, sem investimentos em irrigação, para enfrentar os novos padrões climáticos, a produtividade agrícola da cultura poderá cair de 5% a 20% nos próximos dez anos. “A irrigação de salvamento atende, mas precisamos pensar também em lâminas complementares para estabilizar a produção”, afirmou.
Em seguida, o diretor do Instituto Agronômico de Campinas (IAC), Marcos Landell, reforçou a necessidade de superar as limitações impostas pelo clima com estratégias combinadas de irrigação e manejo agronômico. O pesquisador destacou o uso do terceiro eixo, sistema que consiste em colher os canaviais seguindo uma lógica de idade, iniciando a safra com as canas mais novas e finalizando com as mais antigas. “Cuidar da irrigação é importante, mas o sucesso vem da integração entre genética, ambiente e manejo de colheita”, afirmou.
Complementando as abordagens científicas, o professor da Universidade Federal de Alagoas (UFAL), Iêdo Teodoro, apresentou dados que mostraram a importância de se avaliar o consumo relativo de água. “Precisamos entender que só aumentar a lâmina não é garantia de sucesso. É necessário considerar outros fatores de produção, como a disponibilidade de fósforo e ferro. Caso contrário, a eficiência tende a ser limitada por esses nutrientes, mesmo com maior oferta de água.”
Após os representantes da academia, foi a vez dos profissionais das unidades bioenergéticas subirem ao palco. Patrick Francino Campos, gestor agrícola da Jalles, mostrou aos presentes detalhes da evolução da irrigação na empresa, desde os primeiros sistemas implantados na década de 1990 até as atuais tecnologias de controle remoto.
Ele relatou que a Jalles iniciou o uso da irrigação com o objetivo de controlar a lagarta-elasmo, praga que afetava a brotação da cana-de-açúcar. Na época, os equipamentos disponíveis eram simples e exigiam intensa mão de obra. A experiência revelou a necessidade de investir em estruturas de armazenamento de água, especialmente em áreas com escassez hídrica. Nos anos 2000, a estratégia passou a incluir a construção de barragens e reservatórios, mas a burocracia para obtenção de licenças ambientais dificultou a execução dos projetos.
Com o passar dos anos, a irrigação ganhou papel mais estratégico, contribuindo para o aumento da produtividade e permitindo práticas como a colheita antecipada em áreas irrigadas. Um marco importante ocorreu em 2017, com a implantação de um sistema de bombeamento e a criação de uma central de operações, que evoluiu para uma torre de controle com monitoramento remoto de equipamentos, reservatórios e até drones.
Fechando o primeiro bloco, Sandro Rogério de Souza, gerente agrícola da Usina Santa Adélia, compartilhou o plano ambicioso da empresa de irrigar 60% de sua área produtiva até 2031, totalizando mais de 25 mil hectares irrigados, sendo 15 mil hectares de irrigação de salvamento e 10500 hectares, de deficitária. Para alcançar esse objetivo, o primeiro passo será dado já neste ano, com a formação de novas áreas irrigadas e a busca por materiais genéticos mais responsivos.
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