Variedades sucessoras da RB867515
22-06-2023

 Variedade RB127825 uma das sucessoras da 7515, com sete meses cana-planta
Variedade RB127825 uma das sucessoras da 7515, com sete meses cana-planta

Pesquisadores da Ridesa trabalham no desenvolvimento de variedades de cana que substituam a RB867515, a queridinha dos canaviais

Não é de hoje que pesquisadores e profissionais do setor bioenergético propagam a necessidade de diversificar o plantel varietal, para não correr o risco de sofrer grande perda, caso a variedade de cana cultivada em maior proporção seja mais suscetível a alguma doença.

Pregam também a adoção de variedades mais modernas, mais produtivas. No entanto, a variedade RB867515, lançada na década de 1986 pelos pesquisadores do PMGCA/UFV (Programa de Melhoramento Genético de Cana-de-Açúcar da Universidade Federal de Viçosa), de Viçosa, MG, integrante da

Rede Interuniversitária para o Desenvolvimento do Setor Sucroenergético (Ridesa), segue liderando o ranking de plantio e cultivo de cana no Brasil.

A preferência do setor pela 7515, deve-se a fatores como: facilidade de manejo, ser mais rústica e com isso aguentar mais as injúrias, melhor desempenho em áreas de baixa fertilidade, boa tolerância à seca, poder ser plantada o ano todo.

Assim, a 7515 conquistou espaço principalmente como a melhor opção para regiões de solos pobres e com menor ocorrência de chuvas. É o que ocorre nos estados de Espírito, Rio de Janeiro, Nordeste de Minas e Sul da Bahia. O índice de plantio da RB867515 está em 63% nesse polo canavieiro, com exceção do Rio de Janeiro, que tem percentual ainda mais elevado.         

Mas os pesquisadores da Ridesa sabem que esse quadro precisa mudar e que novas variedades deverão ocupar o lugar da 7515. No entanto, a preocupação é realizar a substituição com qualidade, utilizando variedades que tenham o mesmo potencial da RB867515 – afirma Josil de Barros Carneiro Júnior, que é coordenador técnico do programa de melhoramento genético de cana-de-açúcar - PMGCA/Ridesa, da UFRRJ (Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro). As novas variedades devem ter condições de suportar o déficit hídrico da região, que é muito seca e tem uma baixa precipitação média anual.

Alguns materiais já começam a apresentar perspectivas promissoras, como as variedades RB108519 e RB108544, além dos clones RB128519 e RB127825.  “Todas essas variedades possuem boa tolerância ao déficit hídrico. Elas sentem a falta de umidade. Mas, têm um bom comportamento de superação. Quando chove, recuperam. Aproveitam a umidade. Crescem de maneira rápida”, comenta Josil de Barros.

A preocupação é realizar a substituição com qualidade, utilizando variedades que tenham o mesmo potencial da RB867515”, afirma Josil de Barros Carneiro Júnior

Josil observa que o plantio dessas variedades, que são muito novas, está entre 1% a 2%. No total, ocupam em torno de 5% da área de aproximadamente 8 milhões de hectares dos canaviais pertencentes às unidades dessa região que têm convênio com a Ridesa (Rede Interuniversitária para o Desenvolvimento do Setor Sucroenergético). “Todo mundo está procurando muda. Quem tem, está multiplicando”, observa.

A busca pela diversificação de materiais, que faz parte dos esforços dos setores de pesquisa e produção da região, foi inclusive um dos principais assuntos abordados no XX Encontro Técnico da ERES da UFRRJ (Estação Experimental Regional do Espírito Santo da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro), realizado em outubro de 2023 em Conceição da Barra, ES.

O clone RB128519 é mais uma possibilidade de sucessão da 7515. Na foto é cana-planta com 14 meses

“A cultura da cana-de-açúcar tende a crescer na região, que tem área para expansão. A questão é fazer isso de maneira sustentável por meio de variedades e práticas, como irrigação”, afirma Josil de Barros, que foi um dos coordenadores e palestrante do evento.

Segundo ele, o setor está se recompondo, se reestruturando, nos últimos anos, na região. Houve o fechamento de unidades. Mas, agora, o momento é outro. “O pessoal está animado. Produtores e usinas estão buscando novas tecnologias, inclusive em outras regiões, atentos ao que está acontecendo”, comenta.

Fonte: CanaOnline