Yara inicia produção da primeira amônia renovável do Brasil
11-12-2024

Complexo em Cubatão- SP incorpora biometano à produção, impulsionando fertilizantes e soluções industriais com menor pegada de carbono

A Yara inaugurou um marco na indústria brasileira ao se tornar a primeira empresa no país a produzir amônia renovável. Esse insumo estratégico apresenta uma redução de 75% na pegada de carbono em relação à amônia convencional de origem fóssil, graças à utilização do biometano — biogás purificado derivado de resíduos da cana-de-açúcar.

O biometano, que substitui o gás natural sem necessidade de adaptações complexas, permite à Yara fabricar fertilizantes nitrogenados e soluções industriais com impactos ambientais reduzidos. O avanço é liderado pelo Complexo Industrial de Cubatão-SP, que, além de ser o maior consumidor de gás natural do estado, agora adota práticas pioneiras na descarbonização industrial.

Daniel Hubner, vice-presidente de Soluções Industriais da Yara International, destacou o impacto do projeto no polo de Cubatão, reconhecido globalmente como símbolo de recuperação ambiental. “A produção de amônia renovável com biometano representa um marco para a indústria nacional e coloca Cubatão na vanguarda da transição energética que o Brasil necessita. É um exemplo do que conhecimento, inovação e tecnologia podem alcançar”, afirmou.

A amônia renovável não só reduz a pegada de carbono da própria operação da Yara, como também transforma toda a cadeia produtiva que depende de fertilizantes nitrogenados e soluções industriais. Marcelo Altieri, presidente da Yara Brasil, enfatizou os benefícios para o agronegócio. “Combinando esta nova geração de fertilizantes ao nosso conhecimento agronômico, geramos mais valor para os agricultores, abrimos novos mercados e ampliamos fontes de receita. Na cadeia do café, por exemplo, é possível reduzir em até 40% a pegada de carbono do grão colhido”, destacou.

Produzido em Piracicaba-SP pela Raízen, a partir de resíduos como vinhaça e torta de filtro, o biometano é disponibilizado na rede de distribuição de gás e utilizado pela Yara em Cubatão. Essa transição energética é reforçada por tecnologias de ponta já instaladas no complexo, como catalisadores que filtram o Óxido Nitroso (N₂O) e projetos de eficiência energética, que contribuem para a redução das emissões de gases de efeito estufa (GEE).

“O Brasil pode desempenhar um papel de liderança no cenário global. Precisamos focar em incentivos que escalem produtos renováveis, trabalhando juntos em parcerias público-privadas para fortalecer a sustentabilidade e competitividade da indústria e da agricultura brasileiras”, concluiu Hubner.

Andréia Vital