Aplicação de vinhaça via sistema de gotejo resulta em aumento de produtividade e alta redução no gasto com fertilizantes
30-06-2022

Na Usina Seresta, canavial irrigado via gotejo com o uso da vinhaça atingiu uma produtividade de 109 ton/ha após uma década
Com os preços dos fertilizantes nas alturas e restrições à importação de potássio, as usinas de cana-de-açúcar podem se considerar privilegiadas, uma vez que possuem uma verdadeira “fábrica” do nutriente em seu quintal. Trata-se da vinhaça, um dos principais subprodutos da indústria canavieira e fonte valiosa de K2O. Estima-se que a cada 1 litro de etanol produzido, são gerados aproximadamente 12 litros de vinhaça.
A aplicação desse resíduo no campo gera melhoria contínua no condicionamento do solo, resultando em um ambiente de produção mais propício. Aplicação essa que pode ser feita por aspersão ou de forma localizada, nos formatos in natura ou concentrada.
Mas uma nova alternativa tem surgido nos últimos anos, que envolve a aplicação de vinhaça através do sistema de irrigação por gotejamento. O Especialista Agronômico da Netafim, Daniel Pedroso, afirma que essa técnica não é exatamente recente – existem estudos que datam da década de 2000. Entretanto, ela voltou à tona recentemente em função da crescente demanda pela tecnologia de gotejo no Centro-Sul.
Ele conta que, desde 2005, o Centro de Cana do Instituto Agronômico (IAC) conduz experimentos nessa área, culminando na instalação da primeira área comercial em 2008, na Usina Seresta, de Teotônio Vilela/AL. Em uma lavoura de 1000 hectares, foi utilizada a vinhaça limitada a 5% da vazão.
Daniel Pedroso: “Não é mais possível conceber um sistema de irrigação por gotejamento apenas para fornecimento de água. Uso para aplicação de vinhaça e fertilizantes se tornou parte intrínseca da tecnologia”
Foto: Divulgação Netafim
Após cinco anos, a testemunha alcançou uma produtividade de 67 ton/ha. Em 10 anos, a área irrigada por gotejo aliada a fertirrigação com cloreto de potássio produziu 96 ton/ha. Já o canavial irrigado via gotejo com o uso da vinhaça atingiu uma produtividade de 109 ton/ha após uma década. “Além desse ganho em produção, foi constatada ainda uma redução de 45% no custo com fertilizantes, uma vez que, utilizando a vinhaça, você retira a adubação com cloreto de potássio do manejo.”
O layout proposto pela Netafim para implantação do sistema de gotejo + fertirrigação com vinhaça consiste na instalação de uma casa de bombas, um tanque de injeção de insumos e um reservatório de água e um de vinhaça. Esse último podendo ser alimentado por canal ou caminhão-pipa. Nesse local, será instalada uma motobomba com aproximadamente 5% da vazão do projeto.
Pedroso ressalta que 95% de água e 5% de vinhaça é a taxa recomendada pela empresa, já que o resíduo é rico em ferro e sólidos, podendo prejudicar o sistema de gotejamento em caso de volumes maiores. Porém, o profissional reforça que essa quantidade é suficiente para atender a demanda de K2O da cana-de-açúcar, uma vez que a tecnologia permite aplicar vinhaça ao longo de todo o ciclo da cultura e não tudo de uma vez. “Tem usinas que fazem aplicação diária com vazão abaixo de 1% e outras que utilizam o sistema mensal ou quinzenalmente. Tudo dependerá da quantidade de quilos de K2O por metro cúbico de vinhaça e da necessidade da planta.”
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