Estratégia de irrigação mais eficiente alia salvamento e deficitária. Saiba mais sobre cada uma dessas modalidades
19-12-2023

Carreteis e tubos flexíveis são as melhores opções para a irrigação de salvamento. Foto: Divulgação Netafim
Carreteis e tubos flexíveis são as melhores opções para a irrigação de salvamento. Foto: Divulgação Netafim

O objetivo da irrigação de salvamento é garantir uma brotação adequada numa fração maior do canavial, uma vez que ela demanda baixo volume de água, além de menor infraestrutura. O pesquisador da Embrapa Meio Ambiente, Vinicius Bof Bufon, frisa que, sem essa modalidade, basta um ano mais seco para a longevidade ser impactada e a empresa ter que fazer investimentos prematuros e não esperados em reformas. E a perda de soqueira ainda repercutirá em todas as safras seguintes, mesmo com o retorno de anos normais de chuva.

Nessa modalidade, o recomendado é utilizar carretéis, que irão aplicar uma única lâmina, tanto em cana-planta quanto nas soqueiras. O volume dependerá do déficit hídrico de cada mês/ano e de outras variáveis. “Temos tido excelente experiência no avanço das estratégias de gestão de lâmina de salvamento em usinas. A tecnologia evoluiu, e não faz mais sentido aplicar uma lâmina fixa de salvamento sem levar em conta o tipo de solo, mês de colheita e clima do ano. Nossa pesquisa permitiu desenvolvermos estratégias para aplicar exatamente a lâmina necessária em cada talhão considerando sua condição hídrica, gerando grande economia de água, otimização de infraestrutura e ganhos econômicos.”

Na maioria dos casos, a irrigação de salvamento utiliza motobombas a diesel e requer grande necessidade de mão de obra. Por conta disso, o custo por mm aplicado é relativamente alto. Dessa forma, caso seja necessário atender uma demanda hídrica maior em determinadas áreas, especialmente nos meses de julho a setembro, o aconselhável é complementar a estratégia com a irrigação deficitária.

Vinicius Bufon esclarece que as chuvas no Centro-Sul entregam, normalmente, de 45% a 60% da demanda hídrica da cana-de-açúcar. O restante é déficit. “Pensando assim, a irrigação deficitária pode acrescentar de 20% a 30% da demanda total da cana, de forma que, no final, ainda restaria um déficit de 15% a 25% - por isso chamada de irrigação deficitária, ou irrigação com déficit controlado. Lembrando que a planta é mais eficiente com uma pequena restrição hídrica do que quando sua demanda é 100% suprida.”

Para a irrigação deficitária, Bufon recomenda as tecnologias de pivô e/ou gotejamento. Nos últimos anos, com avanço do domínio tecnológico e redução do custo, o gotejamento ganhou competitividade sobre os pivôs, especialmente pelo melhor aproveitamento de área, maior volume de irrigação e alta eficiência de uso dos recursos hídricos.

Tecnologia de gotejamento tem se mostrado como uma alternativa altamente sustentável pela capacidade de incorporar diversas outras operações, como aplicações de fertilizantes e insumos que antes demandavam mais maquinário entrando na área

Foto: Divulgação Netafim

“Por entregar água abaixo da superfície, com reduzido molhamento do solo e menor perda por evaporação, o gotejamento permite uma economia de 8% a 13% de água e energia elétrica. Ante um cenário de limitação dessas duas fontes, o gotejamento pode propiciar maior área irrigada, comparada ao pivô central”.

O pesquisador ressalta, ainda, que a tecnologia de gotejamento tem se mostrado como uma alternativa altamente sustentável pela capacidade de incorporar diversas outras operações, como aplicações de fertilizantes e insumos que antes demandavam mais maquinário entrando na área. “Conseguimos suprir toda - ou quase toda - demanda de potássio da planta injetando vinhaça através do gotejamento. E já existe tecnologia para injetar a própria água residuária com segurança. Ou seja, além de ganhos de eficiência de uso da água e energia elétrica, é possível maximizar o rendimento, a sustentabilidade e a economia.”

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